Os portugueses ainda lidam com as consequências da última crise habitacional que atingiu o país entre 2008 e 2013. Esse período foi marcado por uma bolha imobiliária que desencadeou um colapso no mercado, deixando muitas pessoas endividadas e sem ter onde morar. No entanto, nos últimos anos, o mercado imobiliário tem apresentado sinais de recuperação, especialmente nas grandes cidades, como Lisboa e Porto. Mas, será que essa recuperação é sustentável e não corremos o risco de uma nova crise habitacional?

Em primeiro lugar, é preciso entender que a atual crise sanitária provocada pela pandemia de Covid-19, trouxe impactos significativos para a economia portuguesa, e com isso, a economia global. Vários países estão enfrentando desafios econômicos desde o início da pandemia, que são agravados ainda mais pela instabilidade política em algumas regiões.

Além disso, algumas medidas foram tomadas para evitar o aumento da crise econômica, mas é necessário que as autoridades continuem acompanhando de perto o mercado imobiliário, cujo crescimento está relacionado ao mercado financeiro e de crédito. A grande preocupação é sobre a sustentabilidade dos preços das habitações no longo prazo. Portugal ainda é um país onde o acesso a crédito é limitado, e muitas pessoas acabam comprando ou alugando imóveis com taxas de juros elevadas, com um prazo curto de pagamento e sem a capacidade de honrar as dívidas a longo prazo.

É preciso também ter em mente que, com a pandemia e a evolução do trabalho remoto, muitas pessoas deixaram as grandes cidades em busca de um estilo de vida mais tranquilo no campo ou no interior do país. Isso pode afetar a movimentação imobiliária, com impactos na economia local e na valorização dos imóveis já existentes. Se os preços dos imóveis continuarem a subir a taxas insustentáveis, há o risco de uma nova crise habitacional, que pode ter efeitos negativos em todo o mercado imobiliário e na economia.

Além disso, o governo português tem procurado estimular a compra de imóveis para estimular a economia, porém, é importante que as medidas adotadas sejam bem pensadas para que não haja uma especulação e uma nova bolha imobiliária. A gestão do mercado imobiliário é fundamental para evitar o endividamento das famílias e empresas, a quebra das construtoras e a desvalorização dos imóveis.

Em conclusão, a possibilidade de uma nova crise habitacional em Portugal é real, mas não inevitável. É necessário que as autoridades governamentais, empresas e cidadãos estejam atentos às questões relativas ao mercado imobiliário, para garantir a sustentabilidade dos investimentos. Experiências anteriores mostram que é possível criar uma economia saudável e forte, sem comprometer a qualidade dos serviços oferecidos à população.